Gestão Escolar: Respeito é bom e todos gostam!

*Gilda Lück

A palavra gestão é muito usada hoje. Tanto em organizações empresarias como em escolas, sejam elas particulares ou públicas, seu conceito veio para ficar. É indiscutível que um bom gestor tem de conhecer tudo sobre liderança.
Ser um líder bem-sucedido, em qualquer instituição, é um grande desafio. Por outro lado, esta busca por líderes verdadeiros para gerenciar processos – sejam eles administrativos ou pedagógicos – não é fácil. Encontrar pessoas que saibam usar a posição e o poder que um gestor tem em suas mãos, com sabedoria, é uma tarefa complicada.
É preciso ter visão, pois esta é a questão mais fundamental de valores, aspirações e metas de cada um de nós enquanto gestores de uma escola. O ato de gerir pode e deve ser aprendido. Ele não acarreta privilégios e sim responsabilidades.
Vemos que alguns gestores apresentam pontos em comum: todos possuem um ego elevado, capacidade de pensar estrategicamente e orientação inclinada para o futuro.
Porém, o gestor tem de ser uma pessoa humilde e generosa até certo ponto, deve criar uma estratégia de liderança, comunicar-se de forma persuasiva, comportar-se de modo íntegro, respeitar os outros e agir com muita delicadeza no que diz respeito a conduzir seus liderados para as metas e objetivos a que se propõem alcançar.Não pode mais se prender a pequenos detalhes que não sejam importantes para o contexto geral.
A liderança tem como responsabilidade criar uma estratégia para que o processo ensino- aprendizagem aconteça – e com sucesso; que a escola como um todo seja bem-sucedida e propicie metas (crescer, prosperar, vencer, etc.).

Histórias do cotidiano escolar
Gostaria de comentar aqui uma história bem interessante e que prova que a realidade de algumas escolas está longe do ideal.
Fim de ano, professores que atuam em uma ou mais escola estão realmente sufocados de tanto trabalho. Nossa história acontece em uma quente manhã de segunda-feira. O professor, personagem principal, havia acordado cedo como de costume, saíra de casa às 6:30h e já estava participando da segunda reunião de seu dia com seus parceiros de jornada, equipe diretiva e pedagógica de uma das instituições que trabalha. Em meio à reunião, pede-se que atenda a uma ligação, pois alguém do outro lado da linha afirma ser de suma importância comunicar-se com ele. Levanta-se e vai até o telefone.
Suas pernas tremem, e com a mente cheia de preocupação com violências, assaltos, acidentes (tendo como centro sua família), já pensando em... diz um fraco alô. Logo reconhece a voz de sua gestora – da outra escola em que trabalha – na linha, que começa a falar rispidamente, em alto e bom tom, o quanto relapso e relaxado ele era porque não tinha colocado as notas em edital e ainda havia tirado a capinha de plástico que cobria o livro de chamada. Isso era inadmissível sob sua coordenação e ela iria pensar muito se ficaria com ele para o próximo ano.
A essa altura, o grupo presente na reunião tinha dificuldades de reter os risinhos, pois a gestora do outro lado da linha falava tão alto que todos a ouviam como se ela estivesse na sala.
O professor procurava explicar que havia dado as notas em sala, querendo colocar seu pensamento pedagógico de que a exposição de notas em público muitas vezes é polêmica, podendo deixar em posição vexatória os alunos que não conseguiram bons resultados. Além do que, esse procedimento pode até gerar más interpretações do processo, tornando-se um provável motivo para críticas à própria instituição.
O professor, indignado ao telefone, disse que como ela estava coordenadora tinha seus direitos de pedir a capinha de plástico no livro de chamada (que ainda estava com ele), mas que essa estava no armário dele e que havia sido tirada para manusear com mais
facilidade e evitar a irritação que causava em sua pele.
Portanto, no ato da entrega estaria como ela desejava (com a capinha de plástico).
Entretanto, a gestora que estava coordenadora naquele momento (ninguém nasce com uma função, o profissional está na função), nada queria ouvir, apenas dizia que teve de ligar e falar tudo aquilo porque só assim se sentiria melhor. Ao que o professor humilde e generosamente respondeu: “Ora, se isso te faz bem, faça.”
A partir dessa história real, analisamos quatro pontos muito importantes na gestão:

1 - Devemos respeitar o tempo e espaço que nossos colaboradores dedicam a outras atividades. Só temos permissão de invadir esses espaços com temas de real importância.
2 - Até que ponto podemos expor publicamente as provas e notas de nossos educandos? Será essa atitude correta?
3 - Disciplina e organização são importantes para o gestor, mas e a boa e velha educação, onde fica?
4 - O respeito à vida particular dos colaboradores, ao seu nome como profissional e a construção de sua atuação profissional (tendo como prioridades o respeito ao próximo e a individualidade), como ficam?
Esse é um caso que me faz pensar. Que tipo de gestores as organizações educacionais estão recrutando? Será que esse pessoal leu o livro O monge e o executivo, de James Hunter? A gestora da história com certeza não.

Qualidade total na gestão

Você já participou de alguma equipe que procurava sempre melhorar a qualidade do seu desempenho no trabalho? É bem possível que você tenha respondido sim, e que lhe foi uma experiência muito útil.
Geralmente, uma equipe liderada por um bom gestor promove a melhoria da qualidade do serviço, mas nem sempre são levadas em conta as qualidades morais do indivíduo. Caso tenha interesse, aí vão algumas dicas que favorecem a qualidade total de seu desempenho:
  • Pensar positivo é qualidade.
Ao acordar, não permita que algo que saiu errado ontem seja o primeiro tema para tornar seu trabalho cada vez mais eficaz.
  • Ser educado é qualidade.
Ao entrar no prédio de sua escola, cumprimente cada um que lhe dirigir o olhar, mesmo que não seja seu amigo ou colega.
  • Ser organizado é qualidade.
Seja metódico ao abrir seu armário, fazer uso do material, disponibilizar os recursos ao redor. Comece relembrando os objetivos e metas de ontem e os compromissos de hoje.
  • Ser cauteloso é qualidade.
Não se deixe envolver pela primeira informação de erro recebida de quem talvez não saiba de todos os detalhes. Junte mais dados que lhe permitam obter um parecer correto sobre o assunto.
Respeitar as coisas alheias é qualidade.
Quando alguém lhe buscar, tente adiar sua própria tarefa, pois quem veio lhe procurar deve estar precisando bastante de sua ajuda e confia em você. Esse alguém ficará feliz pelo auxílio que você lhe der.
  • Respeitar a saúde é qualidade.
Não deixe de se alimentar na hora do almoço, ainda que seja um pequeno lanche; respeite suas necessidades físicas. Aquela tarefa urgente pode aguardar alguns minutos. Se você adoecer, dezenas de tarefas terão de aguardar a sua volta, menos aquelas que acabarão por sobrecarregar seu colega.
  • Cumprir o combinado é qualidade.
Dentro do possível, procure organizar sua agenda para os próximos 10 dias. Não fique trocando datas a todo momento, principalmente pouco tempo antes do evento. Lembre-se de que você afetará o horário de vários colegas.
  • Ter paciência é qualidade. Ao comparecer aos eventos, leve tudo o que for preciso para a ocasião, principalmente suas idéias, divulgando-as sem receio. O máximo que pode ocorrer é não serem aceitas. Talvez mais tarde, em dois ou três meses, você tenha uma nova chance de mostrar que estava com a razão. Saiba esperar.
  • Falar a verdade é qualidade.
Não prometa o que está além das suas possibilidades só para impressionar quem lhe ouve. Se você não cumprir, vai comprometer o conceito que levou anos para construir.
  • Amar a família e os amigos é a maior das qualidades.
Ao encerrar o expediente, esqueça o trabalho. Pense como vai ser bom chegar em casa e rever a família ou os amigos que lhe dão segurança para desenvolver suas tarefas com equilíbrio.
A qualidade não se resume unicamente em produzir muito e fazer bem-feito. Humanizar o ambiente de trabalho também é fator importante. Respeitar as diferenças, colaborar de boa vontade, comprometer-se com a harmonia geral, é ter qualidade.

Para alcançarmos a qualidade total é preciso considerar, além da nossa qualificação profissional, também o nosso aperfeiçoamento moral. Pensemos nisso!
*É assessora pedagógica do grupo Dom Bosco, mestre em Educação pelo Lesley College (EUA) e doutora em Engenharia da Produção

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